A transfiguração de Jesus

A transfiguração de Jesus

A transfiguração de Jesus é um texto muito conhecido pela Igreja. Basicamente temos a leitura deste texto todos os anos no período que antecede a Quaresma. Mas o que podemos perceber e prestar atenção neste texto?

O texto da transfiguração está descrito por três Evangelistas: Mateus, Marcos e Lucas. E neste ano teremos a leitura do texto de Lucas 9.27-36. O texto de Lucas é o que, comparado aos outros, traz um relato mais completo da vida de Jesus. Lucas também escreveu o livro de Atos e interessante citar que a razão pelo que foram escritos é para mostrar a Ação de Deus, que Ele está realizando seu propósito na vida e obra de Jesus e agindo, por meio do Espírito Santo nos primeiros Cristãos após a morte e ressurreição de Cristo. A Transfiguração confirma que a ressurreição é Verdadeira.

Para contextualizar, vale lembrar que transfigurar significa fazer mudar ou mudar de figura, feição ou caráter ou ainda fazer passar ou passar de um estado ou condição a outro; converter(-se), transformar(-se) (Oxford Languages).

O evangelista Lucas aponta que “...enquanto ele orava, a aparência de seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura.” Nesse ponto podemos afirmar que a aparência de Jesus se tornou outra, mudou enquanto ele estava falando (orando) com o Pai. E todos os Evangelistas concordam e usam essa mesma sentença de que Jesus mudou de aparência. E outro ponto que é interessante também é que suas vestes se tornaram em um branco que nunca foi visto igual, como nenhum tecido poderia ficar. Houve uma mudança significativa na figura de Cristo, no seu rosto e vestes, isso pode denotar a ação de Deus em seu filho, uma mudança que mostra a glória que Deus dá a quem Ele se compraz.

E logo no próximo versículo temos a surpresa dos discípulos ao verem Moisés e Elias conversando com Jesus. Eles falavam sobre a partida de Cristo, como Lucas nos traz, utilizando no grego a palavra έξοδον(partida) fazendo referência à morte de cruz e o cumprimento das promessas e obra redentora em Jerusalém. Claramente podemos identificar nos textos uma similaridade, que é a glória de Cristo. Ele se mostra em Glória, com todo o poder do Homem-Deus, o filho de Deus.

É interessante lembrar que nos textos anteriores vemos Cristo falando sobre sua morte para cumprir a obra redentora. Pouco antes de se encaminhar para o Calvário Jesus mostra um pedacinho do céu para os discípulos que alí estavam, mostra que o sofrimento que viria a ocorrer seria para que todos pudessem estar diante do Senhor exaltado no céu. Essa glória de Cristo podemos ver logo após quando uma nuvem desse do céu e dela veio uma voz que disse: “…Este é meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.” Deus glorifica seu filho antes de ser entregue à morte mostrando a importância da sua obra redentora. Não só os evangelho trazem a importância e a fidedignidade deste fato, mas Pedro mesmo fala sobre e atesta como testemunha ocular em sua segunda carta (2Pe 1. 16-18).

Para tanto, a transfiguração é a afirmação de Deus do Messias como sendo seu filho, aquele que se tornou o Servo Sofredor, que mesmo glorificado pelo Pai se fez o mais “pecador”, passou pelo Calvário, como veremos no Período de Quaresma e Páscoa, para conceder a todos os crentes a possibilidade de serem chamados filhos de Deus (Gl 4. 4-7).